segunda-feira, 5 de março de 2012

Samba de Bamba


Por Paulo Almeida


Saulo Ligo é um músico e compositor natural de Piracicaba-SP, um dos compositores mais completos e musicais que já vi. Meu primeiro contato com ele foi para montar o grupo Barracão de Zinco, um grupo autoral que nasceu na cidade de Tatuí-SP. Depois de muitos anos compondo juntos e trabalhando para a música ao lado desse Fenômeno eu digo que foi uma das pessoas que mais aprendi na minha trajetória como compositor de samba.

Recebi o convite para gravar seu disco ao lado Trio Jabour e outros grandes músicos como Diego Garbin, Eloy Porto, Marcos Moraes, Vitor Casagrande, Guilherme Soares, Maicom Araki, e Tiago Mecatti. O disco foi gravado, mixado e masterizado em Piracicaba, no estúdio SoulMix com o técnico comando de gravação Gustavo Henrique quebrando tudo!

O processo de gravação foi um dos melhores que já fiz, gravamos quase que tudo no primeiro take. Primeiramente as guias foram feitas por Saulo e gravamos por naipes, cordas, percussão, sopro, voz e para fechar com o Trio Jabour tocando por cima de tudo. O compositor deu carta branca para tocarmos a vontade, e a coisa mais gostosa é essa liberdade... Como se tivesse andando por cima do mar, já tava tudo lindo! Para o Trio foi uma experiencia muito boa de saber "onde estamos pisando" e com certeza digo que com essa liberdade andamos descalços e dando milhões de risadas de sentir e se emocionar com essas composições maravilhosas.

O disco é todo autoral e o mais interessante é que cada um deu sua opinião sobre os arranjos, não teve um produtor que fez esses arranjos, foi um processo natural. 

Saulo Ligo tem um jeito de composição que nos impressiona muito, vem com uma bagagem forte de cultura e uma harmonia moderna bem influenciado pelo grande Paulinho da Viola.
Bom, quem ainda não ouviu ai vai a dica:

http://sauloligo.tnb.art.br/

Paulo Almeida é músico, compositor, arranjador e produtor musical.


quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Improvisos incomuns

por Fabrício Gomes



Quando alguém ouve falar em improvisação musical, a imagem mais imediata que vem à cabeça talvez seja a de um improviso feito em um saxofone, um trompete, ou mesmo em um piano ou uma guitarra. Também não seria incomum pensar em um improviso feito em um vibrafone, um baixo acústico, uma bateria ou um trombone. Mas e uma tuba, alguém já pensou em um improviso feito em uma tuba?

Se não pensou, então veja este vídeo, do tubista francês Michel Godard:



Ok, a tuba é instrumento de uso tradicional no Jazz, apesar da abordagem do Michel Godard ser um pouco diferente. Estranho mesmo é imaginar alguém improvisando em um serpent. Um serpent já é estranho por si só, mas o mesmo Michel Godard nos causa ainda mais surpresa ao usar este antigo instrumento para improvisar:




O fagote é um instrumento tradicionalíssimo na música erudita, mas alguém imaginaria um fagotista tocando e improvisando sobre Donna Lee, de Charlie Parker? Não? Então veja:




O fagotista do vídeo é Paul Hanson, talvez você já o tenha visto tocando com Bela Fleck and The Flacktones. Ao falar em fagote improvisando, não poderíamos deixar de citar o fantástico  brasileiro Alex Silvério, que além de grande improvisador ainda é fagotista da Osesp.

Mas  mais estranho que tudo isso, sem dúvida alguma, seria alguém improvisar em uma concha do mar. E é o que faz o norte-americano Steve Turre. Além de ser um trombonista de Jazz muito conhecido, Steve Turre ainda tem essa outra “carta na manga” que é improvisar usando conchas marítimas:



Por mais bizarra que possa parecer a idéia a princípio, o fato é que com bom gosto, e muito estudo, qualquer instrumento pode servir de veículo para um bom solo! 


segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Descentralização

por Fabrício Gomes

As várias ferramentas de comunicação via internet hoje disponíveis, ao lado do acesso cada vez mais fácil a equipamentos de gravação e produção musical, criaram as condições para o surgimento de uma nova realidade: a produção e circulação de música gravada estão cada vez menos limitadas pela localização física do músico criador. Isto tem estimulado alguns músicos a desenvolver suas carreiras longe dos grandes centros.

Um exemplo desta nova atitude é dado pelo trompetista norte-americano Cuong Vu. Depois de viver em Nova York por doze anos e criar uma boa reputação na cena do Jazz nova-iorquino (e de ter também bastante exposição, devida principalmente ao tempo em que fez parte do Pat Metheny Group), ele resolveu voltar a morar em Seattle, sua cidade natal. Com isso, acabou também por dar um grande impulso à cena do Jazz moderno em Seattle, principalmente através de sua atividade como professor na Universidade de Washington. Um grupo formado por alguns de seus ex-alunos na universidade, o Speak, tem se apresentado até em festivais de Jazz pela Europa.

Além disso, alunos e ex-alunos organizaram uma session semanal, dedicada à improvisação e apresentação de novas composições. As apresentações eram gravadas e disponibilizadas pela internet. Essa atividade acabou gerando um selo, o Table and Chairs Music, pelo qual o próprio Cuong Vu acabou lançando alguns projetos novos e relançando discos antigos.

Somando a isso tudo o fato de que o guitarrista Bill Frisell também está morando em Seattle, podemos apostar que o clima lá deve estar bem legal pra quem gosta de Jazz.