quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Improvisos incomuns

por Fabrício Gomes



Quando alguém ouve falar em improvisação musical, a imagem mais imediata que vem à cabeça talvez seja a de um improviso feito em um saxofone, um trompete, ou mesmo em um piano ou uma guitarra. Também não seria incomum pensar em um improviso feito em um vibrafone, um baixo acústico, uma bateria ou um trombone. Mas e uma tuba, alguém já pensou em um improviso feito em uma tuba?

Se não pensou, então veja este vídeo, do tubista francês Michel Godard:



Ok, a tuba é instrumento de uso tradicional no Jazz, apesar da abordagem do Michel Godard ser um pouco diferente. Estranho mesmo é imaginar alguém improvisando em um serpent. Um serpent já é estranho por si só, mas o mesmo Michel Godard nos causa ainda mais surpresa ao usar este antigo instrumento para improvisar:




O fagote é um instrumento tradicionalíssimo na música erudita, mas alguém imaginaria um fagotista tocando e improvisando sobre Donna Lee, de Charlie Parker? Não? Então veja:




O fagotista do vídeo é Paul Hanson, talvez você já o tenha visto tocando com Bela Fleck and The Flacktones. Ao falar em fagote improvisando, não poderíamos deixar de citar o fantástico  brasileiro Alex Silvério, que além de grande improvisador ainda é fagotista da Osesp.

Mas  mais estranho que tudo isso, sem dúvida alguma, seria alguém improvisar em uma concha do mar. E é o que faz o norte-americano Steve Turre. Além de ser um trombonista de Jazz muito conhecido, Steve Turre ainda tem essa outra “carta na manga” que é improvisar usando conchas marítimas:



Por mais bizarra que possa parecer a idéia a princípio, o fato é que com bom gosto, e muito estudo, qualquer instrumento pode servir de veículo para um bom solo! 


segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Descentralização

por Fabrício Gomes

As várias ferramentas de comunicação via internet hoje disponíveis, ao lado do acesso cada vez mais fácil a equipamentos de gravação e produção musical, criaram as condições para o surgimento de uma nova realidade: a produção e circulação de música gravada estão cada vez menos limitadas pela localização física do músico criador. Isto tem estimulado alguns músicos a desenvolver suas carreiras longe dos grandes centros.

Um exemplo desta nova atitude é dado pelo trompetista norte-americano Cuong Vu. Depois de viver em Nova York por doze anos e criar uma boa reputação na cena do Jazz nova-iorquino (e de ter também bastante exposição, devida principalmente ao tempo em que fez parte do Pat Metheny Group), ele resolveu voltar a morar em Seattle, sua cidade natal. Com isso, acabou também por dar um grande impulso à cena do Jazz moderno em Seattle, principalmente através de sua atividade como professor na Universidade de Washington. Um grupo formado por alguns de seus ex-alunos na universidade, o Speak, tem se apresentado até em festivais de Jazz pela Europa.

Além disso, alunos e ex-alunos organizaram uma session semanal, dedicada à improvisação e apresentação de novas composições. As apresentações eram gravadas e disponibilizadas pela internet. Essa atividade acabou gerando um selo, o Table and Chairs Music, pelo qual o próprio Cuong Vu acabou lançando alguns projetos novos e relançando discos antigos.

Somando a isso tudo o fato de que o guitarrista Bill Frisell também está morando em Seattle, podemos apostar que o clima lá deve estar bem legal pra quem gosta de Jazz.